
Prevenção de Doenças Cardiovasculares
Você já parou para pensar no quanto o seu coração trabalha todos os dias? São mais de 100 mil batimentos diários, bombeando sangue e oxigênio para cada parte do corpo. E, no entanto, ele costuma ser negligenciado. A maioria das pessoas só se lembra do coração quando sente dor no peito, cansaço fora do comum ou após algum susto. O problema é que muitas doenças cardiovasculares não avisam. Elas se instalam devagar, sem sintomas, até o dia em que algo sério acontece.
No Brasil, as doenças do coração são a principal causa de morte. E por mais duro que isso soe, grande parte desses óbitos poderia ser evitada com prevenção. Ou seja, com escolhas que fazemos todos os dias: o que colocamos no prato, como lidamos com o estresse, se nos movimentamos ou não, se cuidamos da nossa pressão arterial e do nosso colesterol.
Muitos pacientes me perguntam: “Doutor, isso é hereditário?” A genética tem, sim, seu peso. Mas a verdade é que os maiores responsáveis pelas doenças cardiovasculares hoje são os fatores de risco modificáveis — aqueles que estão nas nossas mãos. Pressão alta mal controlada, alimentação rica em sal, gordura e açúcar, tabagismo, sedentarismo, obesidade abdominal, diabetes, consumo excessivo de álcool, sono de má qualidade, estresse crônico. São peças de um quebra-cabeça que, juntas, aumentam o risco de infarto, AVC e insuficiência cardíaca.
E aqui vale um alerta: pressão alta, colesterol elevado e diabetes são condições silenciosas. Você não sente nada — mas o coração, os rins e os vasos estão sendo afetados. A prevenção começa antes do sintoma. É por isso que check-ups regulares são tão importantes. Eles permitem detectar alterações precoces, às vezes ainda sem impacto direto, mas que já exigem atenção.
Mas prevenir não é só fazer exames. Prevenir é atitude. É revisar os hábitos, colocar o corpo para se movimentar, fazer escolhas alimentares mais naturais e menos processadas. É dar atenção à saúde mental, à qualidade do sono, aos momentos de pausa. É reduzir o cigarro — ou, idealmente, abandoná-lo de vez. Cada mudança positiva gera um efeito em cadeia.
Outro ponto que costumo reforçar: não existe idade certa para começar a cuidar do coração. Quanto mais cedo, melhor. Mas nunca é tarde demais. Pacientes com histórico familiar de doença cardiovascular precoce (infarto ou AVC antes dos 55 anos nos homens e 65 nas mulheres) devem ter ainda mais atenção. Isso não significa pânico, e sim consciência.
A medicina preventiva salva vidas. E cuidar do coração é cuidar de tudo: do cérebro, dos rins, da sua energia, da sua qualidade de vida. É viver mais — e melhor.
O coração é silencioso, mas fala. A diferença está em escutar antes que ele grite. E fazer algo enquanto ainda dá tempo.