
Depressão infanto-juvenil
Nos próximos 20 anos, a depressão deverá se tornar a doença mais comum do mundo, atingindo mais pessoas do que o câncer e os problemas cardíacos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
E neste público estão inseridas as crianças e os adolescentes que cada vez mais precocemente tem manifestado sintomas depressivos. Nos últimos 10 anos, de acordo com a OMS, o número de diagnósticos em crianças entre 6 e 12 anos passou de 4,5 para 8%, o que representa um problema crescente.
As causas para a depressão infanto-juvenil podem ser as mais diversas:
• Fatores biológicos (genética);
• Fatores ambientais, como o funcionamento familiar, a interação entre mãe e criança;
• Fatores sociais (pobreza que fere a dignidade, riqueza que substitui afeto por bens materiais);
• Convivência com uma psicopatologia dos pais;
• Experiência de episódios traumáticos, nesta idade, como separação dos pais;
• Luto ou mudanças radicais de ambiente;
• Escola excessivamente conteudista e capitalista, assim como escola com recursos nada dignos a aprendizagem do aluno.
Os sintomas apresentados são os descritos abaixo:
• Maior sensibilidade;
• Choro fácil;
• Angustia persistente;
• Sentimento de culpa;
• Irritabilidade;
• Pessimismo;
• Baixa autoestima;
• Ideias de suicídio;
• Comportamento agressivo;
• Baixo rendimento escolar;
• Alterações abruptas no comportamento (Disforia);
• Alterações do humor por mais do que 2 semanas;
• Sintomas não verbais (somatização).
Cinco características abaixo com prejuízo funcional:
(Sendo pelo menos dois já consideradas sintomas depressivos para um diagnóstico: redução do humor e perda do prazer em fazer atividades em que anteriormente havia motivação).
• Alterações no peso (aumento ou redução);
• Alteração no sono (redução ou aumento);
• Agitação psicomotora ou retardo psicomotor;
• Redução da energia;
• Dificuldade de concentração não provocado por doenças orgânicas ou medicamentos.
Já as crianças menores têm dificuldades de localizar e expressar seus sentimentos com palavras, então, há algumas diferenciações dos seus sintomas:
• Tristeza sem perceber mal-estar;
• Retraimento e desinteresse;
• Descontente, sem prazer;
• Sentem-se rejeitadas;
• Não aceitam ajuda ou consolo;
• Insônia;
• Auto erotismo (e outras repetições);
• Maior dificuldade e contato com outras pessoas;
• Angústia;
• Inibição;
• Insegurança;
• Agressividade;
• Enurese;
• Mutismo;
• Onicofagia (roer e comer unhas).
A depressão infanto-juvenil está intrinsicamente associada a relação destes com seus adultos. É esta dinâmica a desencadeante do bem e do mal na estruturação de uma criança ou jovem. Pais que não disponibilizam tempo para o lúdico, para o diálogo e para uma interação familiar construtiva e terceiriza esta responsabilidade para jogos eletrônicos, cursos extracurriculares excessivos, e cuidadores terceiros acabam por negligenciar seus filhos em sua formação, gerando uma ferida matricial na personalidade deste. Assim uma estruturação alienante atrapalha o rendimento acadêmico que se torna sem sentido e gera uma precariedade funcional neste individuo em formação, culminando em um adulto dependente e despreparado para uma vida de adaptação saudável.
É deste ambiente hostil e vazio que se alimenta o desafio da baleia azul, comorbidades como anorexia, bulimia, déficits de atenção, a depressão e, principalmente, o suicídio. Atente-se aos sintomas aqui descritos e, principalmente, a que tipo de papel tem sido de fato o seu neste exercício de construção de suas crianças e jovens. A ressignificação de posturas inadequadas, a solidariedade e a reparação de erros são ferramentas poderosas à vida, que permite de fato a intimidade e a reciprocidade afetiva de nossas crianças e jovens. Frustrar-se, angustiar-se faz parte de um processo de amadurecimento à vida, mas ter estes princípios em persistência, favorece a morte! Diante de tal problemática sintomática aqui descrita, procure ajuda e favoreça a vida!